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História | ||||
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Texto original de Tim Manley ("Complete Mountain Bike book") |
Extraido do Site MAJUBA MTB CLUB |
O "Mountain Biking" (Ciclismo de Montanha) começou como
um despreocupado substituto para o esqui nas montanhas Marin, nos anos
70, na Califórnia. Pode-se levar a sério o esporte, mas
ele será sempre, no fundo, uma curtição.
As pessoas têm pedalado fora de estrada desde a invenção
da bicicleta, mas os caras que iniciaram a onda do Mountain Biking, como
é conhecido, vieram do condado de Marin, na Califórnia,
nos anos 70. Eles desciam as montanhas em velhas bicicletas, que chamavam
de "Clunkers" ("barulhentas").
Essas pessoas ainda são "mountain bikers", eles ainda
têm aquela aparência selvagem no olhar, e os seus ternos não
escondem o fato de que eles ficam muito mais confortáveis usando
jeans, com a perna direita esfarrapada e suja do óleo da coroa.
Aqui vai alguns nomes "sagrados": Gary Fischer, Joe Breeze,
Joe Murray, Jacquie Phelan, Charlie Cunningham, Charles Kelly, Tom Ritchey...
As montanhas no condado de Marin ficam logo do outro lado da Baia de São
Francisco e é um lugar infernal para se pedalar. No início
dos anos 70 um bando de rapazes começaram levando velhas bicicletas,
com pneu balão, para o topo das montanhas e despencavam com elas
nas ladeiras, com mais de 300 metros de desnível, em torno de cinco
minutos, com velocidades máximas chegando a mais de 90 Km/h. Sem
cometerem a tolice de subirem pedalando, eram rebocados ladeira acima
por um caminhão. Era tudo velocidade e curtição -
além disso, as bicicletas pesavam "uma tonelada" e tinham
apenas uma marcha.
A verdade é que a Mountain Bike evoluiu a partir da
bicicleta menos eficiente já construída. Por volta
dos anos 30 as "caixas de lata" de Henry Ford começaram
a "varrer" as bicicletas do caminho. Os fabricantes
americanos apareceram, então, com essas "obras"
de pneu balão de baixa pressão, baseados nos pneus
de baixa pressão usados nos carros, na moda naquela época,
e parecidas com motocicletas - elas tinham falsos tanques, para-lamas,
guarda-corrente, luzes, campainhas, apitos...
Elas, também, tinham apenas uma marcha, um freio contra-pedal
na roda traseira e quadro de tamanho único, que usava
haste do selim muito longa para se ajustar aos caras altos.
A industria de bicicletas americana fizeram essas "coisas"
por trinta anos e o que elas tinha de bom era que eram baratas.
Todo mundo achava que Joe, Charlie e Gary eram loucos, pois
eles desciam numa posição tão deitada que
ficavam quase na horizontal. Claro que eles queriam saber quem
descia as trilhas mais rápido, então a corrida
"Repack" foi inventada. Era um contra-relógio
ladeira abaixo, numa trilha que tinha um desnível em torno
de 400 metros em pouco mais de 3 km e era remota o bastante para
desencorajar tais atividades perigosas.
A "Repack" (assim chamada porque os ciclistas diziam
que o freio único na roda traseira (contra-pedal) esquentava
tanto eles tinham que relubrifica-lo ("re-pack") com
graxa depois de cada descida) transformou-se numa série
de corridas, tornando-se um foco para a melhoria de equipamentos.
Gary Fisher começou a modificar sua bicicleta - freios
dianteiros, passador dianteiro (para manter a corrente no lugar),
cubo traseiro de cinco marchas com freio contra-pedal, alavancas
de câmbio montadas num guidão o mais largo possível
- a maior parte das peças foram adaptadas de componentes
de motocicleta. Gary introduziu o fecho-rápido da haste
de selim, simplesmente porque a haste empenava se ele sentasse
no selim durante as descida na "Repack" e, então,
o selim tinham que ficar "fora do caminho".
Gary Fisher ainda detém o recorde da descida mais veloz
na "Repack". Joe Breeze foi o segundo mais rápido.
Joe tinha construído quadros de bicicleta de estrada e
começou a trabalhar numa bicicleta especialmente feita
para competir na "Repack". Ele levou oito meses porque
não existia nada que se ajustasse aos pneus largos, mas
uma vez construída a primeira, as próximas dez
se seguiram rapidamente.
Joe introduziu os freios tipo cantilever, guidões planos
e o quadro "diamante". Era 1976.
As bicicletas eram testadas pelos fanáticos de Marin e
Joe via o que era necessário ser melhorado. Ele discutiu
o projeto da bicicleta com Tom Ritchey, já um respeitado
construtor de quadros que morava a cerca de 80 Km ao sul de Marin.
Tom pegou firme e construiu três quadros. Vendeu um para
Gary Fisher, ficou com um e Gary vendeu o terceiro.
Inspirado pelo projeto, Ritchey construiu outros nove quadros
em diferentes tamanhos e cores. O único lugar onde eles
podiam ser vendidos era Marin, então Gary Fisher e Charles
Kelly iniciaram uma companhia chamada "MountainBikes",
para vende-las.
Ritchey construía os quadros, Kelly e Fischer montavam
as bicicletas a partir de uma estranha mistura de componentes
de BMX, motocicletas e bicicletas de corrida, adequadamente adaptados.
Era 1979, o ano em que os aros de liga tornaram-se disponíveis
e retiraram 1,5 Kg de cada roda.
Em 1980 a Specialized (conceituado fabricante americano de bicicleta)
produziu a Mountain Bike, baseado muito de perto no projeto de
Ritchey. Em 1981 eles fizeram a primeira Mountain Bike de produção,
a Stumpjumper.
Em 1982 a Shimano e a Sun Tour produziram o primeiro grupo de
componentes para MTB, tudo decolou, os preços caíram
e o "Mountain Biking" pegou.
Na Grã Bretanha, também, as pessoas tinham pedalado
fora de estrada por anos e bicicletas foram especialmente projetadas
para este fim. Mas a bicicletas de produção americana
realmente fizeram as coisas acontecerem.
Naqueles dias as corridas eram mais parecidas com festas, uma
chance de encontrar os amigos, festejar e competir (freqüentemente
com ressaca). Mais bicicletas significavam mais competições
e competições demandavam regras e instituição
reguladora. Os fundadores americanos criaram a NORBA (uma companhia
comercial na melhor tradição americana), mas se
era para existir competições internacionais de
Mountain Bike a UCI (União Ciclística Internacional),
a instituição reguladora mundial, tinha que ser
envolvida. A UCI, baseada na Suíça, surgiu da tradição
da competição de estrada Européia; e competição
de estrada não é festa nem diversão. É
treino, dedicação, quase se matar e vencer.
No primeiro campeonato mundial a NORBA teve que manter pé
firme para preservar a competição de "downhill"
como evento principal. De repente as competições
de "cross-country" eram o Mountain Biking.
Tim Could e David Baker oriundos do "cycle-cross" (tradicional
competição Européia fora de estrada que
utilizam bicicletas parecidas com bicicletas de estrada) foram
os primeiros ciclistas genuínos a competirem nas corridas
Britânicas. Eles colocaram cinco minutos sobre os melhores
"mountain bikers".
A ética no trabalho chegou. A posição de
pedalar parecida com a das competições de estradas
tornou-se moda. Ciclistas treinavam em estradas. Todo mundo tornou-se
muito sério a respeito do que eles agora chamavam "o
esporte".
Uma instituição reconhecida pela UCI assumiu o
controle do mountain biking na Grã Bretanha. Na primeira
reunião eles discutiram como a MBUK, uma revista que sempre
manteve um lugar no seu coração para a faceta de
curtição do mountain biking, podia ser impedida
de apresentar uma "imagem ruim" do "o esporte".
Más notícias. Parecia que os "cartolas"
do ciclismo de estrada, mais conhecidos por seus casacos de que
pelo seu senso de humor, estavam no comando.
Isto não aconteceu, entretanto. Lideres quase sempre tem que ceder, e para a grande quantidade de pessoas que praticavam em todo o mundo, o Mountain Biking não era um esporte, era uma atividade e uma diversão. Eles estavam nisso para curtir o campo, ficar em forma, gritar de ladeira a baixo, saltar, andar por aí e se divertirem. Eles sabiam o que o pessoal da TV viram no momento que olharam para a competição de Mountain Bike, que o drama das corridas de "cross-country" era vivenciado mais pelos ciclistas do que pelos espectadores. Para a TV, o "downhill" era o negócio. Grandes saltos, truques incríveis e cenários deslumbrantes eram os sinais visuais da liberdade e excitamento do "Mountain Biking"
Então, se você está apenas iniciando no
"Mountain Biking", você está chegando
numa época em que o espírito original de curtição
está de volta ao lugar a que pertence. Quase tudo o que
você pode fazer em uma "Mountain Bike" está
valendo e você sempre vai encontrar pessoas para fazerem
juntos. Mesmo o nosso acesso ao campo, o qual tem produzido mais
tolices sensacionalistas na impressa (americana) do que problemas
reais aos terrenos, está sendo discutido com maior sensibilidade
quando outros usuários do campo se deram conta do que
o "Mountain Biking" realmente é. Não
importa de que lado você está, somos todos "Mountain
Bikers".
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