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Tour des Flandres
As Origens
A Tour des Flandres foi fundada por Karel Van Wijnendaele. Consciente
do fato de que ele nunca seria um grande corredor Van Wijnendaele passou
a apoiar Cyriel Hauwaert, destacado ciclista belga, vencedor da Paris-Roubaix
de 1908. Ele acompanhava regularmente a Paris-Bruxelas e a Paris-Roubaix,
provas que o impressionava fortemente. Na vida cotidiana ele escrevia
artigos para vários jornais regionais.
Em
1912 ele foi incentivado a criar a revista "
Sportwereld". Apesar de, nessa época, o ciclismo ser pouco
desenvolvido na Bélgica, ele topou a experiência, pois
a criação de uma revista nacional abriria perspectivas
para a organização de provas de alto nível. Henri
Desgrange, o fundador da Tour de France, serviu de exemplo para ele.
Van Wijnendaele e Henri Desgrange mantiveram um bom relacionamento.
A primeira Tour des Flandres foi realizada em 1913. Era uma prova infernal,
percorrendo 330 Km - uma distância enorme naquela época
- em estradas deploráveis. Por razões afetivas Van Wijnendaele
queria a todo custo que a Tour passasse por Gand, Bruges, pelo litoral
e pelo coração da região de Flandres ocidental
e oriental.
Esta primeira Tour não foi um sucesso, longe disso. Apenas 37
ciclistas estavam na largada. Um ano depois, em 1914, apenas 10 ciclistas
participaram da prova e no nível internacional a prova não
representava grande coisa. Durante a primeira guerra mundial não
havia como organizar a prova. Em outras palavras, a Tour parecia que
ia se tornar um projeto nascido morto.
Entretanto, Van Wijnendaele não queria nem falar em desistir
e, em 1919, realizou uma nova Tour. O percurso era similar ao de hoje.
Essa terceira Tour não foi um sucesso maior que as duas anteriores.
Os fabricantes de bicicletas, naquela época os patrocinadores
das provas ciclísticas, não estavam interessados nessa
prova. No ano seguinte, em 1920, a Tour ganhou importância no
plano internacional. Em 1923 Heiri Sutter, da Suíça, foi
o primeiro estrangeiro a vencer a Tour des Flandres.
Outras provas ciclísticas foram organizadas na Bélgica,
mais nenhuma delas teve longa duração por falta de interesse.
A Tour des Flandres, ao contrário, sobreviveu graças à
perseverança dos seus fundadores.
Em Busca dos Calçamentos de Pedras
No
início do século as possibilidades de percursos para a
Tour des Flandres eram inúmeras. Karel Van Wijnendaele desenhou
seu percurso, em linhas gerais, numa folha de papel em branco e indicou
as principais cidades por onde passaria, e pronto! O estado das estradas
Flamengas era tão deplorável que o pelotão seria
facilmente dispersado.
Não é, no entanto, verdade que três quartos da
prova se realizava em estradas com calçamento de pedras. Até
o final dos anos 50, em torno da metade da prova se desenrolava em estradas
revestidas com cascalho. Não era confortável, certamente,
mas contudo era melhor do que calçamento de pedras. Pois, o calçamento
não era como os de hoje. As pedras eram cortadas grosseiramente
e eram colocadas com alturas desiguais e separadas por vários
centímetros.
Antes da Segunda guerra apenas as principais vias de comunicação
foram melhoradas. Entretanto, o período pós-guerra foi
marcado pela reconstrução econômica e as administrações
locais utilizaram principalmente o asfalto para a pavimentação
das estradas. A principio ninguém viu nenhum inconveniente nisso,
a quantidade de estradas revestidas com pedras era tanta que parecia
inesgotável. Mas com o passar do tempo os organizadores da Tour
não tinham mais escolha, para encontrar calçamentos de
pedras tiveram que se afastar cada vez mais das estradas principais.
Eles tinham que confiar nas cartas topográficas e recorrer às
pessoas que conheciam a região, pois queriam evitar a todo custo
que a prova terminasse em um "sprint" coletivo.
Considerando-se que os calçamentos de pedras eram essenciais
para uma prova seletiva, era lógico que fosse inserido uma maior
quantidade no percurso da Tour. O ponto central da Tour des Flandres
é localizado nas Ardenas Flamenga, a única área
ainda a oferecer bastantes obstáculos dignos da Tour.
A Fúria dos Deuses do Tempo
A Tour des Flandres sempre foi associada a um tempo deplorável.
De preferência deve fazer um frio glacial e chover torrencialmente.
Adicione a isso um resto de neve derretida e alguma chuva de granizo
e você terá uma Tour com sucesso garantido.
A lenda da Tour des Flandres foi formada parcialmente pelas intempéries.
No entanto, a Tour não tem a primazia do mau tempo. Especialmente
nos últimos anos o tempo foi esplêndido durante a prova.
Apenas um terço das Tour's foi caracterizado pelo mau tempo.
Porém, foram essas provas, onde chovia torrencialmente, onde
fazia um frio de amargar, que se tornaram legendárias. As mais
famosas provas foram as de 1950 e 1951, ambas vencidas por Fiorenzo
Magni. A façanha de Eddy
Merckx, quando, em 1969, se manteve na frente por 70 Km, foi a mais
impressionante de todas, levando-se em conta o mau tempo. Em 1985, quando
Eric Vanderaerden foi vitorioso, o tempo também estava ruim.
Nesse ano apenas 24 ciclistas terminaram a prova. A última vez
que houve mau tempo na Tour foi em 1989, quando Edwig Van Hooydonck
surpreendeu seus adversários começando a atacar em Bosberg,
já próximo do final da prova.
Percurso da Tour des Flandres 1999
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